O Meu filho é o meu herói.
Ontem eu estava morrendo de saudades do Iúna, e a noite fui a reunião budista o tema da reunião era:
” Como sabemos quando estamos iluminados?”
Na reunião tinha mais homens que mulheres, e a sincronicidade de histórias me fez pensar ….em porque eu não consegui trazer meu filho para morar comigo?
O primeira história foi de um homem que disse estar separado da esposa e que a ex esposa não quer que ele fique com os filhos e ontem o filho dele de apenas seis anos foi suspenso da escola.
O segundo relato foi de um homem que disse, que ao se separar da esposa , ele ficou com o filho, e que a mãe nunca ia visitar o filho, e que ele esta indo para a corte.
Eu fui dormir e sonhei que meu filho não queria mais viver comigo.
Hoje acordei determinada a vencer, senão por mim, pelo meu filho
O meu filho se tornou meu maior incentivo!
Ao ele nascer eu soube o significado profundo da palavra Amor.
Eu estava em na praia de Maresias na cidade de São Sebastião, na padaria da esquina; assistindo ao Martinho da vila , no programa do Faustão quando minha bolsa estourou. Um mês antes da data prevista.
Eu cheguei no hospital domingo a noite, e já havia mais de cinco mulheres grávidas no quarto, mas nada aconteceu.
Quando o doutor chegou de manha. Ele perguntou para a enfermeira.
– ” O que houve?” E a enfermeira respondeu:
– “A doutora não quis trabalhar.” E pela troca de olhar entre doutor e enfermeira. Eu percebi que isso era fato corriqueiro.
O doutor não sabia quem atender primeiro. A primeira que ele atendeu perdeu o bebe na mesa do parto.
Apesar da situação dramática,
A primeira coisa que eu disse ao doutor no minuto que meu filho nasceu foi:
– ” Dr guarde o nome do meu filho, porque ele sera muito famoso!”
O doutor me olhou com olhar incrédulo, afinal eu estava num hospital público, .
Eu pensei que o médico estava perdendo a change dele, porque no futuro ele não teria a oportunidade de dizer; que foi ele quem trouxe o Iúna ao mundo.
O meu amigo Luiz havia me contato a respeito da certidão de nascimento e etnia.
Ele havia me dito que apesar de não constar no registro de nascimento o item etnia ou cor. Quando uma criança nasce, a etnia, ficava registrado no cartório. E esses dados iria para estáticas sobre a população brasileira.
Ele me disse que ele teve que brigar com o serviço publico para clocar a etnia correta do filho no registro do cartório.
A enfermeira trouxe o documento do hospital para nós mães, que estávamos internadas no quarto do hospital.
Quando olhei no documento, eu vi que meu filho estava identificado como Branco.
Eu Falei com a enfermeira:
– ” O meu filho não pode ser branco, você acha que dentro de mim sairia uma criança branca?” E enfermeira parda, vestida de branco me ignorou.
Quando foi permitida a primeira visita. O quarto ficou cheio de pessoas. Eu ouvia o comentário a respeito do nariz , cabelo e cor.
Nesse momento alegre de visita; a assistente social veio para saber se estava tudo bem.
– “Estou bem. Mas tem uma coisa errada no cartão de identificação do meu filho, o cartão diz que ele é branco. Ele não pode ser branco.”
Houve um silêncio total na sala. As pessoas prenderão a respiração.
Eu podia ler através das expressões deles, que eles achavam, que eu estava louca.
Todas as crianças no quarto eram negras.
Mas todas receberão a identificação de brancos. Eu acho que o silêncio, e a prendida de respiração foi pelo medo, de que as fichas dos bebes deles também poderiam ser mudados.
A assistente social pegou o meu cartão e me disse que iria muda-lo.
O alivio dos pais ao lado foi grande, pois nada no cartão dos filhos deles seria mudado.
Finalmente chegou o dia que eu recebi a alta do hospital.
Porem o cartão de nascimento, continuava constando que meu filho era branco.
Eu pedi a enfermeira “parda” para mudar. Ela não gostou da ideia.
Então eu disse que não sairia do hospital até o documento ser mudado.
Então zangada ela tirou o meu filho do meu braço e saiu.
Quando ela voltou com meu filho, ela me deu o cartão de identificação dele, ele era pardo.
Pardo? O que era Pardo?
Eu cresci com um registro que dizia que eu era parda.
Eu me sentia horrível cada vez que tinha que escrever : Parda.
De acordo com o IBGE, os pardos configuram um dos cinco grupos “cor ou raça” que compõe a população brasileira.
O termo “pardo” é o mais comumente usado para referir-se a brasileiros mestiços.
No Brasil se considera que 44,2% da população é parda.
Como? Se tenho uma irmã que foi registrada como branca. E na maternidade três crianças negras foram registradas como sendo brancas?
Como o meu amigo eu tive que exigir o direito de ter o filho registrado como pardo, uma palavra que eu aprendi odiar ao crescer.
Bom pelo menos, ele não teria que carregar um registro com a palavra “pardo”.
Ele foi um anjo que nasceu para me proteger.
O universo sabia que eu iria ter inúmeros desafios, então me enviou um anjo especial.
A existência dele me deu força para prosseguir nos momentos que eu queria desistir.
Antes dele nascer uma vidente, me disse que ele seria uma luz em minha vida e na vida do pai dele. E que ele teria muitas dificuldades, principalmente na adolescência, mas que depois a vida dele seria um esplendor.
Deste de pequenino ele é muito inteligente.
Quando ele tinha quatro meses, eu tinha uma hora marcada, com um jornalista para dar uma entrevista. E eu estava correndo para organizar meu espaço.Enquanto ele chorava, ele era um bebe que não chorava. Mas eu não fui imediatamente, Quando finalmente fui vê-lo, ele estava de cabeça para baixo, segurando no carrinho para não cair.
Veja a foto. Eu achei tão incrível que na vez de socorrer, eu fui pegar a câmera.
Quantas histórias!
Veja a cartinha que ele me escreveu quanto eu já estava ausente a mais de um ano.
Porque este meu filho é muito especial, meu anjo, meu herói. E ele tem a cor de Deus!